15 de mai. de 2009

Platoon

Título original: Platoon
Direção: Oliver Stone
Elenco: Charlie Sheen, William Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Johnny Depp
País: Grã Bretanha e EUA
Ano: 1986
Duração: 120 minutos
Língua: Inglês e vietnamita
Nota IMDb: 8,2
Cores: Colorido






*********

Máquina de Moer Jovens

Já se falou muito do Vietnã, mas poucos souberam falar como Oliver Stone. A frase de abertura de Platoon, citando Eclesiastes, alerta os jovens para se regozijarem na sua juventude. Não é à toa: o Vietnã foi uma verdadeira máquina de transformar jovens em soldados, algo que transformaria suas vidas de uma forma irreversível — para o bem e para o mal. Como diz a frase no trailer: "Na guerra, a primeira a perecer é a inocência".

Escrito e dirigido por Stone, um veterano, o filme acompanha a caminhada dos chamados grunts, os soldados da infantaria do Exército Americano, desde sua chegada ao Vietnã até a morte ou o retorno para casa. O típico pelotão americano é retratado como um grupo heterogêneo, onde conflitos e questões como poder, racismo e ideologia emergem. A linguagem mista anglo-franco-vietnamita é o dialeto padrão, talvez uma das únicas coisas em comum entre eles. Ali, convivem e transparecem os humanistas, os psicopatas, os drogados, os brutais. O mais impressionante da caracterização desses tipos humanos é que não há maniqueísmos: não há bons nem maus, apenas soldados aliados ou inimigos. E eles são levados ao limite. Para lidar com isso, alguns incorporam a violência à sua personalidade; outros recorrem às drogas. Mas todos fumam… e muito. Aliás, o cigarro, hoje politicamente incorreto, é um dos “personagens” mais freqüentes nos filmes de guerra.

Do ponto de vista técnico, vale a pena ver retratadas as missões search & destroy, em que os grunts queimavam aldeias para prevenir que os vietcongs usassem; além disso, há também uma ação de um “rato de túnel”, um soldado treinado para entrar nos túneis e caçar vietcongs apenas com uma lanterna e uma pistola. A fotografia do filme é muito bonita e as músicas alternam hits da época com uma trilha instrumental fantástica (destaque para o tema principal).

O elenco é primoroso, formado por atores que já estavam em destaque na época ou alçaram vôo anos depois, como Charlie Sheen, Johnny Depp, Tom Berenger, William Dafoe e Forest Whitaker. Eles passaram por um campo de treinamento no bom estilo de Dale Dye (consultor de inúmeros filmes). A crueza de Nascido para Matar e a sensibilidade de Platoon (e o primor estético de ambos) certamente serviram de referência não somente para outros filmes do Vietnã, mas para muitos filmes de guerra que vieram depois.


Heber Costa


***********

Radicais Mudanças

Se existe uma coisa que é colocada à prova em tempo de guerra é o idealismo e a racionalidade das pessoas. Muitos dos soldados entram com um sentimento e saem com outro, alguns nem conseguem sair vivos da guerra. O sofrimento dos soldados muitas vezes acaba não sendo físico, mas, sim, psicológico.

Durante a Guerra do Vietnã, muitos combatentes americanos chegaram ao sudeste asiático com um ideal de trazer a liberdade e a democracia àquele lugar “provinciano”. Com o passar dos dias, meses e anos, esse pensamento se transformou de forma radical: a sociedade passou a combater de forma severa a participação norte-americana no conflito e os soldados passaram a repensar a sua situação, alguns até mesmo passaram por uma espécie de metamorfose e de idealistas se transformaram em verdadeiras máquinas de matar, que agiam muitas vezes sem pensar nas conseqüências de seus atos.

O filme Platoon traz à tona exatamente essa visão, em que um recruta cheio de idealismo passa a observar a guerra de um ponto de vista que não imagina que seria possível, e o seu pensamento passa a se modificar com as batalhas e as perdas de soldados.

Questões como essas sempre são responsáveis por mudanças nos caminhos das guerras. No caso do Vietnã, isso se tornou um problema para o governo do Estados Unidos, que começou a sofrer forte oposição da opinião publica, pedindo que fossem retirados os seus soldados daquele “inferno” —coisa parecida, porém com menor intensidade, ocorreu após a vitória contra o Iraque e no Afeganistão.

Historicamente, podemos indagar se quem participa de uma guerra traz consigo uma boa parcela de responsabilidade em seu desenvolvimento e se muitas vezes são os responsáveis para que o desfecho não seja de forma pacifica, pois normalmente estão interessados que elas se prolonguem para que possam se tornar grandes personagens desse triste evento.

Adriano Almeida


5 de mai. de 2009

Nascido Para Matar

Título original: Full Metal Jacket
Direção: Stanley Kubrick
Elenco: Matthew Modine, Adam Baldwin, Vincent D'Onofrio
País: Grã Bretanha e EUA
Ano: 1987
Duração: 116 minutos
Língua: Inglês e vietnamita
Nota IMDb: 8,3
Cores: Colorido







**************

A Guerra Que Não Acabou

Os fuzileiros navais (USMC) são conhecidos como uma das mais agressivas forças americanas. Seu treinamento extremamente rígido e seu condicionamento ideológico tornou-se alvo de polêmica. Essa elite terrestre das forças navais é a protagonista desse filme que é uma referência em termos de Guerra de Vietnã no cinema.

Baseado no livro de Gustav Hasford, Nascido para Matar é dividido em duas partes: o campo de treinamento e a guerra. A primeira parte retrata um treinamento brutal, que vem acompanhando de lavagem cerebral e humilhação. Até onde isso é verdade, ninguém sabe. Há argumentos que negam, outros que confirmam esse tipo de preparação para a guerra. Vê-se uma preocupação extrema em mostrar como se preparam os “assassinos” tanto filosófica quanto psicologicamente, mas desde o começo a ironia é um fator predominante: quando se trata de citar exemplos de bons fuzileiros, surge o nome de Charles Whitman (que matou 14 pessoas no Texas) e o de Lee Harvey Oswald. Um dos argumentos usados para provar que Oswald não poderia ter matado Kennedy (que ele atirou três vezes num carro em movimento em menos de 6 segundos) é justamente o que o sargento usa para provar o caráter super-humano dos marines. O comportamento do sargento-instrutor, aliás, é hilário de tão absurdo. Escatológico, ele mistura religiosidade e blasfêmia na tentativa de identificar quem são e o que fazem afinal os fuzileiros. Stanley Kubrick faz questão de debochar do sistema que engole tudo o que pode e vomita o que não absorve.

Há um corte abrupto entre as duas partes. A primeira termina com um choque, a segunda começa na placidez das ruas de Saigon. Há algumas pinceladas sobre as mentiras publicadas no Stars and Stripes (jornal das forças armadas) para levantar o moral das tropas. Aparece então a fantástica trilha sonora do filme, com clássicos dos anos 1960. Nessa segunda parte, é retratado um dos mais importantes acontecimentos históricos da guerra, que foi a
Ofensiva do Tet (30 de janeiro, ano-novo dos vietnamitas). Em 1968, os vietcongs armaram ataques coordenados em todo o país durante o Tet. Os alvos incluíram a embaixada americana em Saigon, a base dos fuzileiros em Khe Sahn e a cidade histórica de Hué. Embora não seja uma característica forte do filme, a ação começa na tentativa de repelir os ataques contra a base praieira de Da Nang (veja mapa) e depois segue a operação de retomada de Hué — esta última, uma das batalhas mais sangrentas da guerra. Usando na maior parte do tempo câmeras estáticas, Kubrick retrata ao seu modo a luta urbana nas ruas da cidade destroçada. Como alternativa à narração em off, ele usa um recurso de mise-en-abyme (um filme dentro do outro) para expor a opinião dos soldados, que àquela altura já tinham noção do rumo que a guerra tinha tomado.

No lado técnico, é impecável o uso do figurino, dos armamentos (note-se a evolução do M-14 nos treinos para o M-16 na guerra) e a reconstituição de operações e cenários. Já no conteúdo, ficam claras as críticas às políticas oficiais, à imprensa, aos aliados sul-vietnamitas e, claro, ao absurdo da guerra. Mesmo sendo uma superprodução, o filme não conta com nomes expressivos, exceto por Matthew Modine (onipresente nos anos 1980) e Adam Baldwin. Kubrick expressa em Nascido para Matar todo seu ressentimento para com uma guerra que para muitos nunca acabou.

Heber Costa

************************************


Matar ou Enlouquecer

Entre os anos de 1959 e 1975 aconteceu uma das guerras mais comentadas da nossa contemporaneidade: a Guerra do Vietnã. Apesar de o conflito armado ter ocorrido no Sudeste Asiático, ele envolveu de forma muito contundente um país que se encontrava do outro lado do mundo — os Estados Unidos.

Muitos encaram a participação dos yankees com uma das muitas investidas infelizes na história das guerras, contudo existiam interesses mais importantes por trás da daquela intervenção militar, que seriam a primazia política e a econômica do Vietnã e a influência que isso poderia causar na região. Os americanos, porém, não mediram as implicações que tal ato teria na sua própria sociedade.

Entre as várias conseqüências, vale destacar a opinião pública com relação aos ocorridos com os soldados antes e durante a guerra, desde o seu alistamento até a sua forma de pensar durantes os combates — o filme Nascido Para Matar explora de forma muito clara os efeitos do treinamento severo e desumano que os fuzileiros navais norte-americanos passavam fazendo com que muitas vezes eles virassem verdadeiras máquinas de guerra, chegando à beira da loucura.

Essa loucura levou muitos jovens americanos à morte, pois achando que eram verdadeiros “deuses da guerra” os recrutas enfrentavam situações para as quais não estavam psicologicamente preparados, o que causou um número cada vez maior de baixas. Os que ficavam se dividiam em dois grupos distintos: os que encaravam a guerra como um “parque de diversões” e os que encaravam as batalhas com uma pergunta sem resposta: “por que estamos fazendo isso?” — novamente essa questão é bem explorada no filme. De baixa em baixa, começaram dentro dos Estados Unidos manifestações contra a guerra, o que levou a mudanças drásticas na forma de encarar a sua participação no conflito.

Sem dúvida alguma, o filme Nascido Para Matar é uma obra prima da filmografia sobre a história da Guerra do Vietnã, sua crítica sobre os fatos que vão da preparação até a atuação dos soldados nas batalhas são um “prato cheio” para se fazer uma análise do que é ir para a guerra.

Adriano Almeida

4 de mai. de 2009

Guerra do Vietnã

Após o mês de abril sem atividades, retornamos com o novo e polêmico bloco temático: a Guerra do Vietnã.

Dessa vez, não escolhemos os filmes. Através de uma enquete, nossos leitores votaram nos três filmes mais importantes sobre essa guerra na opinião deles.

Assim, atendendo a pedidos: clássicos da Guerra do Vietnã.

Boa leitura!